sábado, 23 de outubro de 2010

Anarquista, anti-militarista e mulher livre:


Amparo Poch Gascón (Zaragoza 1902 – Toulouse 1968)
08/03/2010
por Antinatoportugal


Anarquista zaragozana, médica e feminista, Amparo Poch y Gascón, nasceu em 15 de outubro de 1902 no sei de uma família trabalhadora. Apesar da sua humilde origem foi uma das primeiras mulheres licenciadas em Medicina que obteve o prêmio extraordinário de fim de carreira traduzindo-se no seu caso, na obtenção da qualificação de Matrícula de honra em todas as mudanças de grau.

Amparo destacou-se não só pela diminuta presença de mulheres nas aulas durante a década de vinte na Espanha, mas também por possuir um potencial lutador, intelectual e crítico que aplicou tanto na área da saúde como no setor social e sexual.

Profundamente comprometida, Amparo Poch divulgou tudo o que aprendeu na sua carreira, aproximando-se das classes mais desfavorecidas, para evitar as terríveis enfermidades, fruto da educação machista imperante. Preocupava-a terrivelmente o resultado da ignorância induzida por um estado que tratava, como ainda hoje, de controlar deste modo a mulher e o conjunto da sociedade

Assim, dedicou-se fervorosamente à divulgação de medidas básicas de higiene, clarificações a respeito do conceito de maternidade, a divisão de papéis de gênero e outras questões com o objetivo claro e emancipador para a mulher.

Para além de ofertar cursos e conferências, teve tempo de escrever obras como “A vida sexual da mulher” 1932, o “Elogio do amor livre” que defendeu e praticou ao longo da sua vida. Assim como numerosos artigos sempre para a imprensa libertária: “Revista Blanca”, “Tiempos Nuevos”, “Tierra y Libertad”, “Generación Consciente”, “Estudios” ou “Mujeres Libres”, sendo co-fundadora desta última juntamente com Mercedes Camposada e Lucía Sánchez Saornil.

Em 1936 chegou a ser proposta para Ministra da Saúde, mas a sua declarada persistência à resistência do setor da FAI evitou a consecução do cargo embora ainda tenha colaborado com Federica Montseny, que ostentava o dito ministério.

Em Valência, foi nomeada diretora de assistência social onde se encarregava de meninos refugiados provenientes de diversas zonas em conflito. No começo da guerra civil espanhola destacou-se, também, por praticar a medicina em hospitais de campanha e de sangue da cidade de Madri.

Em 1937 esta anarquista e mulher libertária mudava-se para a cidade condal onde foi nomeada responsável da Casa da Mulher Trabalhadora, espaço de intercâmbio e educação para as mulheres onde uma vez mais trabalhou até à exaustão. No ano seguinte à sua chegada a Barcelona, Poch forma parte da equipe de redação do periódico sindicalista “Mañana” assinando então como “Doctora Salud Alegre”, tratando uma vez mais de ser fiel ao seu absoluto otimismo na Espanha anterior ao franquismo.

Assim, como em Valência, colaborou no instituto “Mujeres Libres”, em Barcelona, exercendo o cargo de direção do Casal da Dona Trabalhadora, estabelecendo as bases de um feminismo mais pedagógico, com vista a se alcançar a libertação e a igualdade sexual da sociedade – que sempre padeceu e padece ainda hoje - às conseqüências de um sistema machista e patriarcal.

Mulher simples e renitente à exibição pessoal, atua peculiarmente devido à sua inquietude cultural, social, feminista, ecológica e com um elevado sentido de independência. Utiliza os seus escritos, com uma linguagem acessível, para chegar tanto às mulheres da classe trabalhadora como nas universidades, para ela era necessário trabalhar para uma revolução social. Todos os seus trabalhos e esforços iam na direção que defendia e praticava o amor livre.

Após a guerra civil, em 1939, exila-se na França onde, para além de continuar dando a conhecer as suas idéias, tenta socorrer os milhares de refugiados dos campos de concentração. Dirigirá o hospital de Varsóvia em Toulouse, por onde passarão numerosos combatentes espanhóis.

Conhecida como uma mulher alegre e com grande vitalidade, culta, pacifista, amante da liberdade e inimiga da guerra, apesar de ter tido de sofrer a barbárie militar, lutou por uma sociedade igualitária onde não tinham lugar as armas, somente a palavra, a cultura e a solidariedade.

Mulher anarquista, mulher lutadora, mulher livre, exemplo para todas nós. Morre em Toulouse em 15 de abril de 1968.

Marisa Cucala, Secretaria da Mulher da CGT Aragón y La Rioja, Espanha.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas

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